sábado, 14 de junho de 2014

Apartheid: o vilão do futebol na África do Sul


A Federação Internacional de Futebol (Fifa) é tão importante quanto a Organização das Nações Unidas (ONU) nas questões políticas mundo afora. Não é à toa que a entidade de futebol tem mais membros que a outra.

Mandela comemora Copa na África do Sul, em 2010

Isso ocorre porque a Fifa – por interesses políticos – reconhece a independência de alguns territórios que, geralmente, são aceitos posteriormente pela ONU.

Por vezes, esse papel político da entidade máxima do futebol funcionou como um bom exemplo de repúdio às políticas segregatórias de algumas nações. Um dos exemplos mais importantes deste contexto foi a suspensão da seleção da África do Sul após a implantação do regime de segregação racial, conhecido apartheid.
                   
A política antirracista da Fifa, reforçada a partir de 1961, garantiu a suspensão da África do Sul de competições internacionais. Afinal, o país enfrentava um momento delicado com o banimento do Congresso Nacional Africano (CNA) e a morte de 69 negros durante um protesto em Sharperville, no ano anterior.
 
O estudante Hector Peterson, assassinado aos 13 anos, virou símbolo da luta contra apartheid
                   
Em 1962, as Nações Unidas também condenaram o apartheid e pediram aos países-membros que cortassem relações diplomáticas com a África do Sul. Dois anos depois, o principal líder político do movimento, Nelson Mandela,  foi condenado à prisão perpétua, ficando preso por 27 anos e só deixando a cadeia com o fim do regime segregacionista e tornando-se o primeiro presidente negro do país.

Apesar das sanções, a seleção sul-africana só foi excluída oficialmente dos quadros da Fifa em 1976, após o massacre aos estudantes de Soweto, que se manifestavam contra a obrigatoriedade de estudar a língua dos brancos – o afrikâner. Reprimido pela polícia, o movimento resultou em 100 mortes em todo o país.
                   
Somente com do fim do apartheid, em 1991, e a adoção de uma seleção multicultural, o país foi reintegrado à entidade, reestreando em partidas oficiais em 1992.

A força dos sul-africanos nos gramados ficou comprovada quando a equipe venceu, quatro anos depois, a Copa Africana das Nações.
                   
No entanto, a maior vitória contra o racismo ocorreu quando a África do Sul sediou o Mundial, tendo Nelson Mandela como personalidade ovacionada pelo público no evento final. Como ninguém, o líder soube como usar o poder do esporte para reforçar a união de seu povo.
                   
Assista ao vídeo:




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